A Senhora das Dores no Porto – O Martirológio Romano assinala a15 de setembro, a “Memória de Nossa Senhora das Dores, que, estando de pé junto à cruz de Jesus, foi associada íntima e fielmente à paixão salvífica do seu Filho e se apresentou como a nova Eva, de modo que, assim como a desobediência da primeira mulher conduziu à morte, assim a admirável obediência da Virgem Maria trouxe a vida.”
Na cidade do Porto, houve uma capela da Senhora das Dores e do Senhor da Piedade que foi demolida para permitir a abertura da Rua Mouzinho da Silveira que une a Ribeira do Porto à Estação de São Bento.
Com a sua demolição as veneradas imagens de Nossa Senhora das Dores e do Senhor da Piedade, bem como uma cruz de prata e um turíbulo e naveta foram levados para a Capela do Senhor do Padrão de Campanhã e da Senhora da Saúde.
Diz-nos “O Jornal do Porto”, publicado em 8 de Julho 1891, que foi decidido “fazer a festa ao Senhor da Piedade e à Senhora das Dores, imagens muito veneradas na Capela do Padrão, na Rua do Heroísmo.
Para o efeito, foram colocados adornos diversos, desde o Prado do Repouso até ao palacete onde residia, à data, o Barão do Valado, na Rua do Freixo, muito perto da pequena capela.”
Após a reforma que a capela recebeu nos 50, o Senhor da Piedade e a Senhora das Dores estiveram no altar mor. Após as obras dos anos 90 foram colocados na ala lateral, a antiga sacristia, mas muito venerados.
Diziam-me os antigos que o “santo” Padre Cruz quando vinha ao Porto, e antes de ir para a estação de Campanhã, celebrava missa no seu altar e ficava muito tempo de joelhos em ação de graças…
Na Igreja de Santo António dos Congregados, há o venerado altar de Nossa Senhora das Dores que tinha uma grande festa com Missa Solene e Sermão. Neste altar está a marca da ogiva de tiro de canhão que entrou pela igreja, na revolta de 1927 que tentou derrubar a ditadura militar e restaurar a primeira república.
A devoção à Senhora das Dores também era enorme na monumental Procissão das Cinzas que a Ordem Terceira de São Francisco organizava na Quarta feira de Cinzas, percorrendo o centro histórico do Porto, com 20 andores.
Os sinais e as memórias permanecem, mas as multidões há muito tempo que se foram….
Por Sérgio Carvalho
