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Quinta-feira, Setembro 19, 2024

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A lenda e o milagre da Senhora de Campanhã

A lenda e o milagre da Senhora de Campanhã – Dizem algumasfontes que o nome de “Campanhã” provém de uma antiga lenda medieval, das épocas em que os cristãos lutavam contra os invasores muçulmanos em toda a península ibérica.

Neste caso, no ano de 824, travaram batalha do Califa de Córdoba Abderramão III e seu poderoso exército e o conde cristão Hermenegildo Guterres, auxiliado por seu genro Ordonho II, rei das Astúrias.

Os cristãos vitoriosos perseguiram os muçulmanos até a localidade do Rio Tinto, assim chamado por ter mudado o riacho de cor, com o sangue de tantos combatentes que sucumbiram, muçulmanos e cristãos.

Os cristãos terão organizado as suas tropas junto ao Padrão de Campanhã, na aldeia da Formiga e iniciado a campanha contra os mouros.

Este Senhor do Padrão que outrora estava na rua do Padrão de Campanhã ( atual Rua do Heroísmo) está guardado na capela da Senhora da Saúde. Esta capela e Padrão, bem como a mesa da audiência são registados pelo escritor Júlio Dinis na sua obra “Uma família inglesa”.

Passando pelo monte da Vela (Bela) olharam e contaram quantos mouros viam no vale dos rios…. disseram “conto mil” , possível origem do topónimo Contumil. Após o confronto das tropas cristãs e mouras que tingiu o rio de sangue (tinto), os cristãos voltaram vitoriosos para Portucale (Porto).

Ao passarem onde hoje é a igreja de Santa Maria de Campanhã encontraram, no meio do mato, uma imagem de Nossa Senhora. Interpretaram o facto como sendo a confirmação divina do seu sucesso militar.

Nesse local foi erguida uma igreja, que por três vezes foi assaltada e quase destruída, em 1809 nas invasões francesas e no cerco do Porto em 1832-34. A actual igreja é fruto da reconstrução de finais do século XIX e início do século XX.

A imagem atual de Nossa Senhora é uma imagem do século XIV de estilo gótico.

Procissão de velas na capela da Memória do Milagre

O milagre de Nossa Senhora de Campanhã

Durante séculos houve uma procissão anual com a imagem de Nossa Senhora de Campanhã da sua igreja até à Sé do Porto, passando pelo convento de Santa Clara.

Imagem de Nossa Senhora de Campanhã, no Porto, em Portugal.

A imagem era levada e trazida de Campanhã ao Porto. Campanhã chegou a ser concelho.

Em 1722, vivia-se uma grande seca que ameaçava de fome toda a região do Porto e no regresso da procissão à cidade, na atual Rua de Bonjóia, a imagem caiu e partiu uma mão.

No local onde caiu a mão da Senhora, surgiu miraculosamente uma fonte, a Fonte da Senhora, que salvou a população e as colheitas da sede e da seca.

Capela e Monumento que recorda o Milagre

Até hoje temos essa fonte e posteriormente em 1967 foi erguido um monumento e uma capela da Memória do milagre.

A minha mãe foi uma das crianças que nesse ano foi vestida de anjo na procissão. Ainda nos dia de hoje, no dia 7 de setembro sai uma procissão de velas da capela da memória até à igreja matriz.

O calendário católico – recordações e celebrações

O calendário católico celebra a 8 de setembro, a solenidade da Natividade da Virgem Santa Maria, ou seja, a festa de aniversário do nascimento da Mãe de Jesus. Neste calendário apenas se recordam 3 nascimentos: João Baptista a 24 de junho; Maria de Nazaré a 8 de setembro e Jesus Cristo a 25 de dezembro.

Na Invicta Cidade do Porto, esta solenidade é celebrada há séculos, na maior e mais oriental freguesia da cidade: Santa Maria de Campanhã.

Campanhã é habitada desde a idade do ferro (vestígios encontrados em Noeda), passando pela era romana (havia a Vila Campaniana, uma quinta típica do tempo imperial e a partir do qual o nome de Campanhã poderia ter nascido, pois diz a lenda que o seu proprietário era Campanius ou que era da Campânia na Itália).

Na idade média e moderna, vai ser Couto da Mitra ou do Cabido da Sé, vemos isso pelos magníficos palácios do Freixo ou Casa e quinta de Bonjóia.

Nos séculos XIX e XX, com a chegada do caminho de ferro assistimos à passagem progressiva de uma terra agrícola com terrenos muito férteis no vale dos rios Tinto e Torto, para uma freguesia industrial, urbanizada, com inúmeros bairros e urbanizações. A construção da Via de Cintura Interna e da ponte do Freixo foi o golpe fatal na Campanhã rural. Foi também desmembrada para dar lugar à mais recente freguesia da cidade – o Bonfim.

Mas, voltando ao 8 de setembro, em Campanhã celebra-se a festa de Nossa Senhora de Campanhã. Uma festa profundamente enraizada nos inícios da nacionalidade.

Por Sérgio Carvalho

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