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Segunda-feira, Setembro 16, 2024

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O Castelo de Tavira

O Castelo de Tavira domina a foz do Rio Gilão onde cresceu um importante porto marítimo desde a Antiguidade. A sua memória remonta à pré-história, tendo-se encontrado ali um troço de muralha fenícia datada do século VIII aC.

Na altura da Invasão Romana da Península Ibérica a povoação, então denominada Balsa, adquiriu importância estratégica devido à construção de uma Ponte sobre o Rio.

Esta região foi chamada de At-Tabira existindo escritos do século XII que referem lutas entre Almorávidas e Almóadas. Estes:

  • “apertaram o cerco ao Castelo de Tavira contra o traidor nele sublevado, Abdalá ibne Ubaide Alá, estreitando-o fortemente por terra e mar.
  • Estabeleceram-se no Castelo de Cacela com o seu numeroso exército, atacando Tavira dia e noite, obtendo a toda a hora vantagens sobre os seus inimigos com a sua decisão de suprimir os seus danos e evitar os males que tinham causado desde o princípio do ano 546 que começava a 20 de Abril de 1151 até aos finais do ano 563 que acabava a 17 de Outubro de 1167.
  • O Emir Almumine sitiou Tavira duas vezes nos dias do seu Emirado em Sevilha, mas resistiu-lhe e defendeu-se com os seus malvados contra ela até que a rendeu Deus no seu Califado, por sua boa fortuna, no final do mês de Dulcada que acabava a 4 de Setembro de 1168 do ano que historiamos.” (Ibne Sahib Al-Sala. Al-Mann Bil-Imama)

Tavira era então, juntamente com Santa Maria al-Harum (actual Faro) e Silb (actual Silves), uma das principais povoações do “Algarbe Alandalus”.

Tavira na reconquista cristã

Na altura da Reconquista Cristã da Península, as forças portuguesas atingem o leste algarvio a partir de 1238.

Tavira foi conquistada a 11 de Junho de 1239 (Maio de 1240, segundo Alexandre Herculano ou mesmo 1242 segundo outras fontes), pelas forças de D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago.

A tradição associa a esta conquista, uma represália daquela Ordem pela morte de sete dos seus Cavaleiros numa emboscada quando andavam à caça no sítio das Antas (Freguesia da Luz).

A 9 de Janeiro de 1242 (ou 1244 segundo outras fontes), D. Sancho II (1223-1248) doou os domínios de Tavira e o padroado da sua igreja à Ordem de Santiago, doação confirmada em 1245 pelo Papa Inocêncio IV.

Pretextando que a Cidade tinha sido conquistada por uma Ordem Militar castelhana, D. Afonso X de Castela reclamou-a para si, vindo a impor-lhe cerco e a conquistá-la em 1252.

No ano seguinte, assinou-se um Tratado pelo qual D. Afonso III (1248-1279) desposaria a filha de D. Afonso X e, se dessa união resultasse um filho que viesse a completar os sete anos, o avô materno lhe daria como presente o Algarve.

Tendo as condições desse diploma sido preenchidas em 1264, D. Afonso X entregou o Algarve a D. Afonso III por Carta de 20 de Setembro, passada em Sevilha.

Em função deste Acto, o Soberano português concedeu Cartas de Foral a diversas Povoações algarvias, a primeira das quais a Tavira em Agosto de 1266.

Sob o Reinado de D. Dinis (1279-1325), o Castelo foi reparado e reforçado e a Muralha da Vila ampliada (1292), conforme inscrição epigráfica. Data deste período a construção da Torre de Menagem. O Soberano, por Carta Régia de 1303, ampliou os privilégios dos moradores impedindo que os seus bens fossem penhorados ou vendidos excepto por dívidas com a Coroa.

Na altura da crise de 1383-1385, o Mestre de Avis doou o Reguengo de Tavira a D. Fernão Álvares Pereira, irmão do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.

Posteriormente, após a conquista de Ceuta, iniciado o processo dos nossos Descobrimentos, a Povoação veria a sua importância estratégica e económica aumentar. O seu Castelo entretanto, apresentava risco de derrocada conforme a queixa das suas gentes perante as Cortes de 1475.

Sob o Reinado de D. Manuel I (1495-1521), a Vila recebeu o Foral Novo (1504), elevando-a à categoria de Cidade a 16 de Março de 1520, entre outros importantes privilégios. É seu Alcaide-Mor na altura D. Vasco Eanes Corte-Real.

Em 1573, quando D. Sebastião (1568-1578) visita Tavira, encontram-se em progresso as obras de construção do Forte de Santo António (Forte do Rato), fronteiro à barra do Rio Gilão em 1577.

Posteriormente, no contexto da Guerra da Restauração da Independência, D. João IV (1640-1656) confirma todos os privilégios concedidos a Tavira pelos seus antecessores, determinando obras de modernização no Castelo Medieval, reforçando-lhe a estrutura e adaptando-o aos tiros da então moderna artilharia.

A defesa da povoação será completada em 1672, pelo início da construção da Fortaleza de São João da Barra de Tavira na Gomeira, fronteira à Barra do Rio Gilão em 1717.

Terramoto de 1755

No século XVIII a estrutura do Castelo será severamente danificada pelo Terramoto de 1755, o que certamente contribuiu para que nos séculos seguintes, o perímetro defensivo da povoação fosse desmantelado em grande extensão.

As Lendas da Moura do Castelo de Tavira:

A tradição local afirma que no Castelo, existe uma Moura encantada que todos os anos, na noite de São João aparece a chorar o seu destino.

Veja o original desta imagem em museumunicipaldetavira

Ela seria a filha de Aben-Fabila, o Governador Mouro que, quando Tavira foi conquistada pelos Cristãos desapareceu por artes mágicas depois de encantar a filha. Afirma-se que ele pretendia voltar para reconquistar a Cidade e assim resgatar a filha, mas nunca o conseguiu.

Outra Lenda relata uma grande paixão de um Cavaleiro Cristão D. Ramiro, pela Moura encantada. Numa noite de São João, quando o Cavaleiro avistou a Moura a chorar nas Ameias do Castelo, impressionou-se tanto pela sua beleza como pela infelicidade da sua condição.

Perdidamente enamorado, resolveu escalar as muralhas do Castelo para a desencantar. A tarefa entretanto revelou-se difícil, e o Cavaleiro demorou tanto tempo a subir que rompeu a alvorada, passando assim a hora de se poder quebrar o encanto. Nesse momento, a Moura entrou em lágrimas para a nuvem que pairava acima do Castelo, enquanto D. Ramiro assistia sem nada poder fazer. A frustração do Cavaleiro foi de tal monta que daí em diante ele se empenhou com grande ardor nas lutas contra os Mouros, tendo mesmo conquistado um Castelo, mas sem outra Moura para amar.

A Lenda dos sete Cavaleiros:

Afirma-se que, durante uma trégua entre Cristãos e Mouros, seis Cavaleiros Cristãos foram caçar no sítio das Antas perto de Tavira, vindo a ser assassinados pelos Mouros. Os seus nomes eram D. Pedro Pires (Peres ou Rodrigues, Comendador da Ordem de Santiago de Castela), Mem do Vale, Durão (ou Damião) Vaz, Álvoro (Álvaro) Garcia (ou Garcia Estevam), Estêvão (Estevam) Vaz (Vasques), Beltrão de Caia e mais um Mercador Judeu de nome Garcia Roiz (ou Rodrigues). O autor Cristóvão Rodrigues Acenheiro dá os nomes desses seis Cavaleiros como sendo: D. Pedro Paes, Men do Valle, Duram Vaz, Alvaro Garcia, Estevam Vaz e Boceiro de Coja mais o Mercador Judeu Garcia Roiz. Em represália por essas mortes, configurando o rompimento da Trégua é que os cristãos teriam promovido a Conquista de Tavira.

Um outro episódio, também lendário, refere esta antiga Lenda: Na altura de D. Afonso IV (1325-1357), por volta de 1328, D. Afonso XI de Castela impôs Cerco a Tavira. Nessa ocasião, as Forças Castelhanas…

“…tendo assentado arraial na Igreja de São Francisco. Num Sábado de madrugada e quando escolhia o melhor sítio para assaltar as Muralhas viu sobre a Igreja de Santa Maria 7 enormes vultos com bandeiras nas mãos e nelas as armas do Apóstolo Santiago. Espantado chamou os Conselheiros que lhe disseram ser esses vultos os sete Cavaleiros que morreram quando da conquista de Tavira aos Mouros e que eram os guardiões da Cidade. O Rei ao saber isto e por devoção aos Cavaleiros mártires logo se tornou para o seu Reino sem fazer mal algum em Portugal.” (Frei João de São José).

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