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Quinta-feira, Setembro 19, 2024

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O sorriso de Nossa Senhora

HÁ VIDA NA FESTA, HAJA FESTA NA VIDA

1. A cidade saúda a Senhora. A Senhora sorri à cidade. É festa. Sente-se um caos harmonioso que rompe, por momentos, com a rotina de um quotidiano quase sempre torturante.

2. O ambiente, à nossa volta, ressuma festa. Já não estou tão seguro de que o ambiente no nosso interior irradie igual contentamento. Nota-se vida na festa. Só é pena que nem sempre haja festa na vida.

3. É bonito ver as pessoas com ar festivo. E é muito belo e comovente encontrá-las a caminho do Santuário, visitando a Mãe, acompanhando a Mãe, chorando na companhia da Mãe!

Vão visitar a Senhora dos Remédios. Mas quem nega que, lá no fundo, vão à procura dos remédios da Senhora?

Sim, dos remédios que mais ninguém consegue preceituar. Dos remédios que os lábios não ousam publicitar. Dos remédios para o desconforto, para a desventura, para o desespero. Dos remédios para a doença de tantas vidas sem (aparente) sentido nem horizonte.

4. As pessoas olham. As pessoas fitam. As pessoas calam. Sabem — e sentem — que aquela imagem tem vida e emite paz. Sabem — e sentem — que naquele lugar se assiste a uma espécie de transfiguração. Por isso vêm de longe e vêm a pé. Com sacrifício, com devoção, com muito amor, os degraus são transpostos.

5. No peregrino palpita a ânsia de, «ao cabo daquela longa escadaria, encontrar a promessa da salvação, ou a esperança». Isto até o descrente José Saramago notou. A propósito, haverá alguém que, lá no fundo, não seja crente?

É aí, no Santuário, que todos se acham verdadeiramente em Lamego.

6. Não é preciso muita publicidade nem grandes promoções. As festas estão na alma do povo. A vida não é só o que se racionaliza. Como dizia sabiamente Xavier Zubiri, «o que vale na vida não são os dotes que se tem, mas o que sai do coração».

7. O coração de Lamego quase rebenta de emoção durante as festas. É fundamental, contudo, que o clima de fraternidade perdure e o espírito de amizade se estenda ao resto do ano. Temos de pedir à Senhora, quando por todos passar no próximo dia 8, que dulcifique os nossos sentidos e serene os nossos impulsos.

8. A Senhora dos Remédios é também — e com enorme propriedade — a Senhora da Paz. Uma cidade em festa tem de permanecer uma cidade em paz. Alguém contestará que a paz é a melhor festa?

9. Urge optimizar a dimensão transfiguradora da festa…para lá dos dias da festa. Aprendamos, então, a estender a mão, a saudar o irmão, a derreter o gelo, a restaurar a confiança. A Senhora dos Remédios vela pela sua cidade todo o ano. Porque é que a cidade não há-de aplicar os remédios da Senhora a vida inteira?

10. Aquela imagem, que tanto nos diz, não é para trazer apenas nas nossas ruas. É para trazer sobretudo nos nossos corações. Na procissão, vamos todos, atrás dela, na mesma direcção. Porque é que não havemos de ir, com ela, à procura de um mesmo rumo?

A cidade está em festa. Que a cidade fique em paz. Festas felizes. Festas com paz. Festas com Deus. E com a Mãe!

Por José António Pinheiro Teixeira

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