Onda anticlerical varre Marcelo
A pedofilia na igreja Católica enlameia a honra da instituição com efeitos imprevisíveis no futuro e acaba de colocar o presidente da República na mira da comunicação social e política do país, sempre disponível para o discurso anticlerical.
Marcelo cumpriu o seu dever ao comunicar informação recebida sobre o bispo Ornelas ao Ministério Público e disso recebeu aplausos da imprensa.
Marcelo considerou que 400 casos numa população de milhões é pouca coisa e o “Carmo e a Trindade” cairam-lhe em cima por “desvalorizar o crime da pedofila” – isto nas notícias dos órgãos de comunicação social e nas reacções das instituições partidárias.
Por que acontece isto, se ninguém tem dúvidas quanto à posição do presidente que é de condenação absoluta, aliás no que é seguido por toda a gente, excepto pelos pedófilos, na igreja e noutras ambiências?
O ambiente anticlerical
Não é de agora. A história mostra isso, a existência de um ambiente anticlerical na sociedade portuguesa, por razões conhecidas mas sobretudo interessadas em varrer da opinião pública a dimensão religiosa da vida humana.
Entendem os críticos que a narrativa religiosa, neste caso católica, constitui um obstáculo à implementação de uma cultura de valores estranha à tradição criada a partir de Jesus de Nazaré.
Porque acontece isso? Um dia falaremos disso. Hoje fiquemos por Marcelo … e António Costa, o primeiro-ministro português que foi a única figura pública a vir a terreiro defender Marcelo Rebelo de Sousa, sobretudo, e o Presidente da República.
Liderança de longo prazo
Marcelo fez as declarações causadoras da polémica num acto deliberado, dado que o presidente não é dado a gaffes!
E com isso mantém a sua corrida política de longo prazo, deixando nas declarações o perfume que entende enviar para os católicos, mas sobretudo para os seus bispos, atordoados que estão com a avalanche de lama que cobre a instituição que lideram.
E sabe que terá o devido reconhecimento de quem, numa hora de aflição, foi visitado com mensagem amiga embora conhecedora da gravidade do pecado da vergonha.
António Costa decidiu remar contra a maré do dia e entendeu defender o presidente e a pessoa de Marcelo colocando-se ao seu lado, nesta onde de críticas.
Tem em comum com o presidente a mesma perspicácia na interpretação da linha do horizonte e vê mais longe.
E assim a classe política e também os órgãos de comunicação social ficam a olhar para a espuma dos dias, tal como o velho carro vassoura que atrás do pelotão espera um dia chegar à meta, mas sempre na tristeaza da derrota!
Nos momentos essenciais, verifica-se que há dois corredores de fundo na política portuguesa, com território disputado por estagiários da política.
Onda anticlerical varre Marcelo
Cartoon: www.henricartoon.pt