Nas luzes da ribalta do PSD apareceu uma nova estrela, no Congresso do Palácio, para suceder a Rio: Luís Montenegro tem agora a tarefa de conduzir a nau social-democrata e explicar aos eleitores que é capaz de liderar um futuro governo, após a erosão prevista (para 2024?) e garantida pelo vírus da inflação – a nova pandemia sentida nos bolsos de todos nós.
Dizem que a economia é uma ciência exacta. Talvez para os economistas. Para nós é uma ciência estúpida porque funcionando com regras próprias e obedecendo – pudera!- às decisões macroeconómicas de quem governa no país e é governado por Bruxelas e estes pelo FMI, define os modelos de vida que apontam para um universo a duas velocidades – os ricos e os pobres – e que despreza a chamada classe média que, em Portugal, como sabemos, começa acima do salário mínimo e termina quando acede ao rendimento líquido mensal de 1500!
No teatro democrático, Montenegro é-nos apresentado como a nova estrela mediática a propósito da qual se tecem os mais variados comentários, quase todos a apontar para as “características de liderança” que são sublinhadas pelos média – eles que nunca “engoliram” a comunicação de Rio pelo temor silencioso de futuros receios de uma gestão política alheada dos interesses da Corte.
Montenegro entra assim em cena e é acolhido em palmas, recebendo a bonomia do comentário oportuno; até de comentadores “profissionais” (isentos é claro e só comprometidos com a transparência da vida política!). O novo líder do PSD avança pois num novo caminho que nunca foi aberto a Rio e disso vai tirar vantagem mediática na afirmação pública necessária para quem começa.
Percorrerá o país com o perfume de Marcelo que precisa de confirmar a sua vontade editada em notícia no Expresso no ano passado e que “pre-via” (não é gralha!) a substituição de António Costa em 2023. Regista-se (embora não fosse necessário, dado que os nossos leitores já o perceberam) que Montenegro é bálsamo para corações desesperados sobretudo ali da linha do Estoril mas também a salvação para os corações mas aqui inquietos no desejo pelo regresso ao domínio da decisão – aquela que se toma para que os senhores deputados decidam no hemiciclo da democracia; e também aquela que se define “nas escolhas essenciais para o futuro do país” e que o governo “da Nação” executa.
Garantida a tranquilidade na Corte – Roma não paga a traidores – tem Montenegro disponíveis as luzes da ribalta e não faltarão manchetes, no semanário da “coisa”, para “obrigar o executivo a governar melhor” podendo o primeiro-ministro também contar com o esclarecimento dominical na televisão que também à “coisa” obedece. Está tudo bem, portanto.
As ideias de Montenegro
1 – Criar “Programa de Emergência Social”
2 – “Mudar de vida” na saúde
3 – Alívio da carga fiscal
4 – Taxa máxima de IRS para jovens e acesso universal ao ensino pré-escolar
5 – Imigração é aposta, mas com economia competitiva
6 – Pacto sobre a transição digital, energética e ambiental
7 – “Noção das prioridades” e não ao referendo à regionalização
Desconhecemos se Luís é sensível à imagética dos números e valor dos símbolos. Mas escolheu o número 7 – o algarismo da perfeição, da vida plena e do optimismo de quem acredita que a coisa vai. Talvez por isso a primeira imagem que nos avançou tenha a ver com isso mesmo: Acreditar.
Aqui está um caminho árduo de percorrer: a abstenção – esse autêntico exército de desmobilizados – paira na política como a inflação na economia. Um imenso monte negro que nos oprime mas que temos de ultrapassar.
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Foto: https://rr.sapo.pt/especial/politica/2022/06/30/aeroporto-reforma-no-sns-e-referendo-a-eutanasia-o-que-defende-o-psd-de-montenegro/290400/