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Quarta-feira, Outubro 30, 2024

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A alegria de ser corpo

Como lidamos com nosso corpo e com o corpo alheio? Ao falar da humanidade de Jesus, Adélia Prado nos convida a perceber inteiramente como um de nós, com um corpo como o nosso.

Estética cênica de

Estética cénica de “Gira”, do Grupo Corpo Foto (Divulgação/Grupo Corpo)

Como lidamos com nosso corpo e com o corpo alheio? A partir de um poema de Adélia Prado, a pesquisadora e professora de filosofia Marília Murta de Almeida nos provoca a essa reflexão. Ao falar da humanidade de Jesus, Adélia Prado nos convida a enxergá-lo inteiramente como um de nós, com um corpo como o nosso. Olhar para o corpo e a carne de Jesus – e para o modo como ele lida com corpo e carne dos outros – deve ser o caminho para uma maior acolhida e valorização de nosso corpo físico e de nossos corpos sociais. Reserve alguns minutos e ouça a reflexão. Compartilhe com outras pessoas!

CONFIRA O ÁUDIO ACIMA!

Festa do Corpo de Deus

Como um tumor maduro
a poesia pulsa dolorosa,
anunciando a paixão:
“O crux ave, spes unica
O passiones tempore.”
Jesus tem um par de nádegas!
Mais que Javé na montanha
esta revelação me prostra.
Ó mistério, mistério,
suspenso no madeiro
o corpo humano de Deus.
É próprio do sexo o ar
que nos faunos velhos surpreendo,
em crianças supostamente pervertidas
e a que chamam dissoluto.
Nisto consiste o crime,
em fotografar uma mulher gozando
e dizer: eis a face do pecado.
Por séculos e séculos
os demônios porfiaram
em nos cegar com este embuste.
E teu corpo na cruz, suspenso.
E teu corpo na cruz, sem panos:
olha para mim.
Eu te adoro, ó salvador meu
que apaixonadamente me revelas
a inocência da carne.
Expondo-te como um fruto
nesta árvore de execração
o que dizes é amor,
amor do corpo, amor.

Adélia Prado, Poesia reunida


in DomTotal

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